COVID-19: Como oferecer serviços educacionais de qualidade em uma pandemia?
A chegada do COVID-19 abriu espaço para um grande debate sobre como oferecer serviços educacionais de qualidade em uma pandemia. Para a maioria das escolas e faculdades do Brasil, a quarentena deu início a uma diferente realidade. Do dia para a noite, novos serviços educacionais, nunca antes testados, precisaram ser disponibilizados. Além disso, de forma repentina, centenas de instituições de ensino tiveram suas estruturas de negócio bastante modificadas. E aquelas que só ofereciam serviços educacionais presenciais foram “obrigadas” a ampliar seu escopo e remodelar seus processos, explorando o ensino por meio dos ambientes virtuais.
Além disso, o mercado educacional brasileiro, ainda apresenta uma peculiaridade, pois, em certos casos, enfrenta desconfiança quanto à qualidade do ensino promovido a distância. Esse “preconceito“, inclusive, motivou algumas instituições de ensino e o próprio Conselho Nacional de Educação a adotar nomenclaturas não convencionais para designar seus serviços de EAD (como “ensino remoto” ou “plataforma de ensino remoto”) no intuito de se diferenciarem. Desse modo, o mercado resolveu renomear tais serviços como se eles não fossem oferecidos por ferramentas síncronas de EAD (interação em tempo real).
Não obstante a nomenclatura incomum escolhida pelo mercado educacional brasileiro, optei por utilizar, neste artigo, a nomenclatura que considero mais adequada. Assim, o termo EAD aparecerá frequentemente no texto ao invés de ensino remoto. Mas, deixemos essa discussão para outro momento.
Foquemos no que interessa. Vimos a combinação de fatores como: novos serviços não testados, mudanças bruscas no formato de negócio, remodelagem de processos e preconceito com o mercado em questão. Estes fatores nos motivaram a reunir, neste artigo, algumas reflexões sobre como oferecer serviços educacionais de qualidade em uma pandemia.
Tudo começa com uma boa organização pedagógica!
Há anos, venho alertando sobre o baixo nível de estruturação pedagógica de nossas escolas e faculdades (leia: O caos no sistema educacional brasileiro). A falta de um currículo bem definido que seja capaz de nortear os objetivos instrucionais de cada aula pode inviabilizar todo o processo de ensino. E esse problema costuma ser amplificado ou se torna evidente em situações de crise como esta que vivemos.
Isso ocorre porque a falta de objetivos instrucionais pedagogicamente predefinidos inviabiliza o planejamento adequado dos recursos didáticos necessários para o bom aproveitamento da aula pelo estudante. Assim, a indefinição curricular e a falta de uma matriz de objetivos instrucionais geram limitações. Estas limitações impedem, por exemplo, a adequada mensuração do tempo das aulas, escolha de referências, determinação do método avaliativo e de qualquer padronização de recursos didáticos.
Tais limitações impactam mais fortemente as estratégias de EAD, pois essa modalidade de ensino requer ainda mais planejamento logístico do que o ensino presencial; tendo em vista que precisamos considerar não só uma nova infraestrutura tecnológica, mas todo o contexto social que abrange a comunidade acadêmica. Nesse sentido, as instituições de ensino que não fizeram o dever de casa na seara pedagógica, não conseguirão se adaptar ao modelo imposto pela crise pandêmica.
Contrariando as expectativas comuns de uma crise, escolas e faculdades que apresentarem uma boa estrutura pedagógica, com um currículo baseado em competências e com os objetivos instrucionais bem definidos, sairão na frente durante a corrida de adaptação. Essas instituições terão maior liberdade para concentrar seus esforços nas mudanças metodológicas e logísticas envolvidas na transição da sala de aula física para as telinhas. E, com certeza, levarão menos tempo para apresentar um novo cronograma acadêmico; sofrerão menos com a desmotivação da equipe e dos alunos e, possivelmente, terão menor impacto financeiro.
Mas como mudar a metodologia de ensino para atender ao modelo EAD?
Em um contexto “normal”, no qual a meta de negócio fosse investir no ambiente virtual, teríamos uma longa cadeia de etapas desde a concepção da plataforma até a sua chegada nas mãos dos estudantes. Contudo, em uma situação de pandemia, será preciso migrar para o EAD de forma ágil, com pouquíssimo tempo para reestruturação de processos, capacitação de professores e preparação dos estudantes. Então, como isso pode dar certo?
É preciso ter a percepção que, para oferecer esses novos serviços educacionais, deveremos superar 2 desafios: (1) implementar uma infraestrutura de TI adequada e confiável; (2) Dar um suporte técnico e pedagógico para que os professores continuem o seu trabalho utilizando as novas ferramentas de ensino.
Desafio 1: Organizar uma boa infraestrutura de TI
Para implementar uma infraestrutura de TI adequada de forma rápida e com segurança, é recomendável que a instituição terceirize esse trabalho. Assim, ela pode selecionar empresas que possuam know-how e experiência na área. Essa opção parece ser mais assertiva, pois, dessa forma, não será necessário “perder” um tempo precioso capacitando ou contratando novos profissionais de TI; os riscos na avaliação de compra de equipamentos (geralmente caros) poderão ser amenizados; e os colaboradores da instituição poderão focar nos detalhes pedagógicos e administrativos, ajustando os processos que mantém a qualidade do atendimento e do ensino.
Lembre-se: a implementação de Ambientes Virtuais de Aprendizagem vai além de gravar aulas e disponibilizar um link de acesso. A instituição de ensino precisa de suporte e consultoria para usar as ferramentas tecnológicas extraindo o máximo de benefício pedagógico.
Desafio 2: Escolha boas ferramentas para EAD
A fim de que a transição do ensino seja mais suave para os estudantes, a instituição deve optar por ferramentas síncronas (interação em tempo real) compatíveis às demandas do EAD. Nesse âmbito, temos: transmissão de aulas em tempo real, chats e fóruns, webinários, exercícios supervisionados, provas online, dentre outros. Em resumo, precisará de ferramentas que simulem de forma fidedigna o ambiente de estudo ao qual os discentes estão acostumados. Assim, os estudantes podem seguir uma rotina parecida com a do ensino presencial.
Para tanto, veja as dicas a seguir:
- Não diversifique demais as ferramentas metodológicas que serão utilizadas a cada aula. Isso aumenta a curva de aprendizado e a necessidade de adaptação dos professores;
- O termômetro do EAD deve ser a avaliação do estudante, ou seja, ele está realmente absorvendo o conteúdo nesse novo formato? Por isso, aplique avaliações curtas a cada aula, além das avaliações cumulativas (leia nosso artigo com dicas para a aplicação de uma boa prova online);
- Crie uma política de acesso e segurança de dados e divulgue entre os estudantes e os seus responsáveis. Eles devem concordar e aceitar os termos de condições, antes de acessar os sistemas on-line, garantindo a lisura dos processos e a sua confiabilidade;
- Forneça as capacitações necessárias para tornar o professor autônomo em suas atividades de ensino praticadas on-line. E possibilite sua reciclagem reduzindo a resistência para com as tecnologias de ensino; e
- Estruture um sistema eficiente de suporte aos pais/responsáveis, estudantes e professores. Em alguns casos, é necessária a participação de tutores ou monitores que auxiliem os professores nas aulas on-line.
Essas são orientações gerais, ou um bom ponto de partida, para sua instituição de ensino oferecer serviços educacionais de qualidade em uma pandemia. Os desafios parecem ser intransponíveis. Mas a equipe da Plataforma Qstione, empresa com tradição na educação em ambientes virtuais, está a sua disposição para enfrentarmos juntos esse novo cenário!
Até o próximo artigo!