As 4 verdades do planejamento de ensino: Entenda o PDCA da educação
Do ponto de vista administrativo, o processo de execução dos serviços realizados pelas empresas educacionais funciona de forma similar ao que ocorre em outros setores. A lógica organizacional dos serviços educacionais não é muito diferente do que é normalmente implementado em outras empresas do setor de serviços, por exemplo.
No contexto da administração de empresas, uma das ferramentas mais utilizadas para melhoria contínua de processos é o ciclo PDCA (plan, do, check e action). A aplicação de ferramentas de gestão facilita a identificação e a solução dos gargalos na empresa, de maneira constante e a partir de soluções duradouras, sem precisar parar os processos.
Contudo, na educação, um dos grandes desafios é justamente a implementação de ferramentas de gestão que incluam o processo pedagógico; já que em outros setores das instituições de ensino, como o financeiro e de recursos humanos, o processo de gestão é muito similar ao de empresas de outros ramos de atuação.
Na prática, a gestão educacional deve ser composta basicamente por quatro etapas: (1) planejamento do ensino (plan), (2) execução do ensino (do), (3) avaliação (check) e (4) ações corretivas do processo de ensino (action).
O principal objetivo da etapa de planejamento de ensino é definir o conjunto de conhecimentos e objetivos específicos de aprendizagem, descritos no currículo, que serão ensinados em cada componente curricular. Os objetivos de aprendizagem devem ser descritos de forma explícita e objetiva, pois determinam as metas de ensino, bem como o que será avaliado na etapa de avaliação. O documento resultante dessa etapa é o plano de ensino e, subsequentemente, o plano de aula.
Tudo o que foi planejado na etapa de planejamento passa a ser executado na etapa 2 (execução do ensino). Nessa etapa, os professores são os principais atores do processo, sendo deles a responsabilidade de gerir o plano de ensino dentro da sala de aula. O professor precisa tomar uma série de decisões em relação à execução do processo de ensino sob a luz do planejamento de ensino. E é justamente essa etapa a parte mais crítica do processo.
Perceba que, entre as duas primeiras etapas (planejamento de ensino e execução de ensino), há alguns pontos que merecem atenção e que, se não forem observados, todo o processo de ensino pode ser prejudicado.
A ideia central é manter um alinhamento entre o currículo, o planejamento de ensino, a execução do ensino e a avaliação. O professor precisa trabalhar em sala de aula aquilo que foi planejado e descrito nos planos de ensino e planos de aula, além de avaliar os mesmos objetivos de aprendizagem descritos no planejamento. Dessa forma, a última etapa do processo de gestão educacional, as ações corretivas do processo de ensino, pode ser guiada por dados e evidências fidedignas à realidade educacional dos estudantes.
É nesse contexto que discutiremos as 4 verdades do planejamento de ensino:
- Verdade 1: os conhecimentos e objetivos de aprendizagem previstos no currículo.
- Verdade 2: os conhecimentos e objetivos adicionados previstos nos planos de ensino e planos de aula - que nem sempre é o que está previsto no currículo.
- Verdade 3: os conhecimentos e objetivos de aprendizagem que realmente foram trabalhados pelo professor em sala de aula - quem nem sempre é o que está previsto no plano de ensino e currículo.
- Verdade 4: os conhecimentos e objetivos de aprendizagem efetivamente solicitados na etapa de avaliação - que nem sempre é o que está previsto no currículo, plano de ensino e/ou trabalhado em sala de aula.
Numa gestão educacional eficiente, as 4 verdades citadas acima se resumiriam apenas à verdade 1. Isto é, quando ocorre um alinhamento entre currículo, planejamento de ensino, execução do ensino e avaliação, só existe uma verdade: o currículo.
O fenômeno de desalinhamento pedagógico entre as etapas de gestão educacional foi carinhosamente apelidado por mim, em outro artigo, como um tipo de “esquizofrenia pedagógica” (não deixe de ler este artigo).
As 4 verdades são fundamentadas nas diferentes visões dos diversos atores que fazem parte do processo de gestão educacional, entre eles: professores, gestores educacionais e pedagogos. Essa discrepância de entendimento sobre o que deve ser ensinado e avaliado é resultado da desorganização pedagógica que persiste nas instituições de ensino brasileiras. Vale ressaltar que isso acontece corriqueiramente em nossas escolas e universidades.
Nesse contexto, a compreensão sobre o que efetivamente deve ser ensinado nas salas de aula parece ser algo relativo e intangível. Se não conseguirmos tornar a gestão pedagógica em um verdadeiro PDCA, dificilmente teremos uma única verdade dentro do planejamento de ensino.
A única verdade absoluta do planejamento de ensino deve estar explicitamente descrita no currículo. Por isso, quando me perguntam o que fazemos na Qstione, eu respondo: implementamos o PDCA da educação usando a nossa tecnologia.