COVID-19: Como oferecer serviços educacionais de qualidade em uma pandemia?

Tecnologia educacional
Leitura em
5
min
Publicado em
08
/
05/2020
Autor
Fabrício Garcia
CEO na Plataforma Qstione
Fabrício Garcia é um professor da área de saúde apaixonado pelas novas tecnologias educacionais. Seu foco principal de trabalho está em ajudar instituições de ensino e professores a implementar novas tecnologias que aumentem a eficiência educacional, justamente por acreditar que a tecnologia é o caminho mais simples para democratizar a educação de qualidade no Brasil.
Receba nossas novidades
Ao assinar você concorda com nossa Política de Privacidade.
Cadastro recebido com sucesso!
Oops! Algo deu errado.
Compartilhe

A chegada do COVID-19 abriu espaço para um grande debate sobre como oferecer serviços educacionais de qualidade em uma pandemia. Para a maioria das escolas e faculdades do Brasil, a quarentena deu início a uma diferente realidade. Do dia para a noite, novos serviços educacionais, nunca antes testados, precisaram ser disponibilizados. Além disso, de forma repentina, centenas de instituições de ensino tiveram suas estruturas de negócio bastante modificadas. E aquelas que só ofereciam serviços educacionais presenciais foram “obrigadas” a ampliar seu escopo e remodelar seus processos, explorando o ensino por meio dos ambientes virtuais.

Além disso, o mercado educacional brasileiro, ainda apresenta uma peculiaridade, pois, em certos casos, enfrenta desconfiança quanto à qualidade do ensino promovido a distância. Esse “preconceito“, inclusive, motivou algumas instituições de ensino e o próprio Conselho Nacional de Educação a adotar nomenclaturas não convencionais para designar seus serviços de EAD (como “ensino remoto” ou “plataforma de ensino remoto”) no intuito de se diferenciarem. Desse modo, o mercado resolveu renomear tais serviços como se eles não fossem oferecidos por ferramentas síncronas de EAD (interação em tempo real).

Não obstante a nomenclatura incomum escolhida pelo mercado educacional brasileiro, optei por utilizar, neste artigo, a nomenclatura que considero mais adequada. Assim, o termo EAD aparecerá frequentemente no texto ao invés de ensino remoto. Mas, deixemos essa discussão para outro momento.

Foquemos no que interessa. Vimos a combinação de fatores como: novos serviços não testados, mudanças bruscas no formato de negócio, remodelagem de processos e preconceito com o mercado em questão. Estes fatores nos motivaram a reunir, neste artigo, algumas reflexões sobre como oferecer serviços educacionais de qualidade em uma pandemia.

Tudo começa com uma boa organização pedagógica!

Organização pedagógica no ambiente virtual de aprendizagem.
Organização pedagógica no ambiente virtual de aprendizagem.

Há anos, venho alertando sobre o baixo nível de estruturação pedagógica de nossas escolas e faculdades (leia: O caos no sistema educacional brasileiro). A falta de um currículo bem definido que seja capaz de nortear os objetivos instrucionais de cada aula pode inviabilizar todo o processo de ensino. E esse problema costuma ser amplificado ou se torna evidente em situações de crise como esta que vivemos.

Isso ocorre porque a falta de objetivos instrucionais pedagogicamente predefinidos inviabiliza o planejamento adequado dos recursos didáticos necessários para o bom aproveitamento da aula pelo estudante. Assim, a indefinição curricular e a falta de uma matriz de objetivos instrucionais geram limitações. Estas limitações impedem, por exemplo, a adequada mensuração do tempo das aulas, escolha de referências, determinação do método avaliativo e de qualquer padronização de recursos didáticos.

Tais limitações impactam mais fortemente as estratégias de EAD, pois essa modalidade de ensino requer ainda mais planejamento logístico do que o ensino presencial; tendo em vista que precisamos considerar não só uma nova infraestrutura tecnológica, mas todo o contexto social que abrange a comunidade acadêmica. Nesse sentido, as instituições de ensino que não fizeram o dever de casa na seara pedagógica, não conseguirão se adaptar ao modelo imposto  pela crise pandêmica.

Contrariando as expectativas comuns de uma crise, escolas e faculdades que apresentarem uma boa estrutura pedagógica, com um currículo baseado em competências e com os objetivos instrucionais bem definidos, sairão na frente durante a corrida de adaptação. Essas instituições terão maior liberdade para concentrar seus esforços nas mudanças metodológicas e logísticas envolvidas na transição da sala de aula física para as telinhas. E, com certeza, levarão menos tempo para apresentar um novo cronograma acadêmico; sofrerão menos com a desmotivação da equipe e dos alunos e, possivelmente, terão menor impacto financeiro.

Mas como mudar a metodologia de ensino para atender ao modelo EAD?

Do papel para o computador: planejamento em meio a uma pandemia.
Do papel para o computador: planejamento em meio a uma pandemia.

Em um contexto “normal”, no qual a meta de negócio fosse investir no ambiente virtual, teríamos uma longa cadeia de etapas desde a concepção da plataforma até a sua chegada nas mãos dos estudantes. Contudo, em uma situação de pandemia, será preciso migrar para o EAD de forma ágil, com pouquíssimo tempo para reestruturação de processos, capacitação de professores e preparação dos estudantes. Então, como isso pode dar certo?

É preciso ter a percepção que, para oferecer esses novos serviços educacionais, deveremos superar 2 desafios: (1) implementar uma infraestrutura de TI adequada e confiável; (2) Dar um suporte técnico e pedagógico para que os professores continuem o seu trabalho utilizando as novas ferramentas de ensino.

Desafio 1: Organizar uma boa infraestrutura de TI

Para implementar uma infraestrutura de TI adequada de forma rápida e com segurança, é recomendável que a instituição terceirize esse trabalho. Assim, ela pode selecionar empresas que possuam know-how e experiência na área. Essa opção parece ser mais assertiva, pois, dessa forma, não será necessário “perder” um tempo precioso capacitando ou contratando novos profissionais de TI; os riscos na avaliação de compra de equipamentos (geralmente caros) poderão ser amenizados; e os colaboradores da instituição poderão focar nos detalhes pedagógicos e administrativos, ajustando os processos que mantém a qualidade do atendimento e do ensino.

Lembre-se: a implementação de Ambientes Virtuais de Aprendizagem vai além de gravar aulas e disponibilizar um link de acesso. A instituição de ensino precisa de suporte e consultoria para usar as ferramentas tecnológicas extraindo o máximo de benefício pedagógico.

Desafio 2: Escolha boas ferramentas para EAD

A fim de que a transição do ensino seja mais suave para os estudantes, a instituição deve optar por ferramentas síncronas (interação em tempo real) compatíveis às demandas do EAD. Nesse âmbito, temos: transmissão de aulas em tempo real, chats e fóruns, webinários, exercícios supervisionados, provas online, dentre outros. Em resumo, precisará de ferramentas que simulem de forma fidedigna o ambiente de estudo ao qual os discentes estão acostumados. Assim, os estudantes podem seguir uma rotina parecida com a do ensino presencial.

Para tanto, veja as dicas a seguir:

  • Não diversifique demais as ferramentas metodológicas que serão utilizadas a cada aula. Isso aumenta a curva de aprendizado e a necessidade de adaptação dos professores;
  • O termômetro do EAD deve ser a avaliação do estudante, ou seja, ele está realmente absorvendo o conteúdo nesse novo formato? Por isso, aplique avaliações curtas a cada aula, além das avaliações cumulativas (leia nosso artigo com dicas para a aplicação de uma boa prova online);
  • Crie uma política de acesso e segurança de dados e divulgue entre os estudantes e os seus responsáveis. Eles devem concordar e aceitar os termos de condições, antes de acessar os sistemas on-line, garantindo a lisura dos processos e a sua confiabilidade;
  • Forneça as capacitações necessárias para tornar o professor autônomo em suas atividades de ensino praticadas on-line. E possibilite sua reciclagem reduzindo a resistência para com as tecnologias de ensino; e
  • Estruture um sistema eficiente de suporte aos pais/responsáveis, estudantes e professores. Em alguns casos, é necessária a participação de tutores ou monitores que auxiliem os professores nas aulas on-line.


Essas são orientações gerais, ou um bom ponto de partida, para sua instituição de ensino oferecer serviços educacionais de qualidade em uma pandemia. Os desafios parecem ser intransponíveis. Mas a equipe da Plataforma Qstione, empresa com tradição na educação em ambientes virtuais, está a sua disposição para enfrentarmos juntos esse novo cenário!

Até o próximo artigo!

No items found.